Francisco QueruzArquiteto e urbanista e professor universitário
Na semana em que festejamos o 164º aniversário de Santa Maria, não consigo identificar conteúdo mais relevante a este texto do que considerações sobre o momento em que houve a emancipação municipal, afinal, valorizar esta data é reconhecer quem somos, e este é um dos princípios fundamentais da preservação patrimonial.
Inicialmente, observa-se que a data utilizada para a comemoração do aniversário, 17 de maio de 1858, é indicativa de quando ocorreu a solenidade de instalação da vila. A legislação que havia amparado tal ato decorre da lei provincial nº 400, do ano anterior. Até então, a freguesia de Santa Maria da Boca do Monte era vinculada à Vila Nova de São João da Cachoeira (atual Cachoeira do Sul).
A elevação à categoria de vila, naquele momento, seguia o modelo de organização herdado de Portugal, e significava uma unidade administrativa independente, correspondendo ao que chamamos hoje de município. Esse mesmo sistema de nomenclatura usava também o termo freguesia para o que chamamos hoje de distrito.
A “Villa de Santa Maria da Bocca do Monte”, então, passou a contar com uma Câmara de Vereadores, com 7 representantes, que atuaram com funções do atual Poder Legislativo e Executivo. A eleição aos vereadores ocorreu previamente, em 15/4, e elegeu: Ten. Cel. José Alves Valença, João Pedro Niederauer, João Verissimo de Oliveira, Maximiliano José Appel, João Thomás da Silva Brasil, Joaquim Moreira Lopes e Francisco Pereira da Miranda.
Como era a Vila desta época? Na imagem abaixo, datada de 1861, há o segundo mapa conhecido do município, elaborado por Otto Brinckmann. Também pode ser vista aquela que é tida como a primeira fotografia de Santa Maria, sem data exata (entre 1850 e 1890). Nela, é possível ver aquela Vila, em uma das ruas mais significativas, a do Acampamento.
Dessas ruas e dessas edificações chegamos aos dias de hoje. São poucas recordações, mas que devem ser mantidas. E das épocas subsequentes, também é necessário guardar lembranças, para que consigamos entender como chegamos até aqui.
Leia o texto de Serginho Marques